sábado, 8 de agosto de 2009

Volta a Portugal Masters

Foto : Chegada da 4ª etapa a Sever do Vouga

Já passaram alguns dias desde que terminou a Volta Masters. É hora de fazer um resumo e balanço da prova que pela 1ª vez se realizou.
Para mim, foi um misto de sensações. Satisfação por ter conseguido terminar a prova. Alguma desilusão pelo sucedido na 3ª etapa, que me retirou a plenitude das minhas capacidades. Fiquei muito limitado após ter ido com o braço ao chão. Aliás, ainda hoje o cotovelo está praticamente bom, mas o braço esquerdo continua magoado. Continuo a fazer massagem com gelo e coloco no braço um gel indicado pelo fisioterapeuta.

O inicio foi em Alpiarça, com chegada às Caldas da Rainha numa ligação de 85 kms. Foi um bom começo para mim. Obtive o 9º lugar numa chegada que fez mossa ao pelotão, pois com uma contagem de montanha de 3ª categoria a cerca de 5 kms. da meta, houve muitos cortes de tempo na chegada. Um inicio prometedor. Na geral individual estava na 10ª posição, porque houve um corredor (Manuel Zeferino) que havia bonificado numa meta volante durante a etapa e posicionou-se à minha frente na classificação.

A 2ª etapa um contra relógio individual de 8 kms. decorreu em Soure, onde alcancei o 34º posto, Gastei mais 1m 10s. que o vencedor, o camisola amarela Koldo Gutierrez. O meu tempo para os 8 kms. foi de 11m 51s. Foi uma prestação razoavel, talvez um pouco abaixo daquilo que eu esperava, mas tambem o contra relogio era muito curto, mais propicio para um ciclista com mais explosão. Prefiro contra relógios maiores. Ora este meu desempenho fez-me baixar á 26º posição na classificação geral.

Seguio-se a fatidica 3ª etapa, a mais longa da prova. Se juntar a partida simbólica foram cerca de 152 kms. Partida da Anadia e chegada a Vila do Conde. Houve uma queda no pelotão ainda no inicio da etapa, com muitos ciclistas envolvidos. Ainda consegui escapar de ir ao alcatrão, saindo pela berma. Mas, já na berma da estrada quando vou tentar regressar à estrada para voltar a integrar o grande pelotão, entre o meio daquela confusão de ciclistas estendidos na estrada e outros a tentarem passar pelas bermas, houve um atleta que manda-me uma pancada por trás e desiquilibrou-me, indo eu bater com o braço esquerdo no chão de uma forma desamparada. As dores foram desde logo enormes. Temi o pior. Esperei uma acalmia do pelotão para ir ao carro do médico. Ele viu a situação, e deu-me um analgésico. A partir deste momento tudo mudou na minha corrida. Tinha dificuldades em guiar a bicicleta, todas as oscilações da estrada (empedrado, tampões e desniveis, buracos) criavam-me dores acrescidas.
Já só queria terminar a etapa. Consegui chegar incorporado no pelotão no 19º lugar. Subi dois lugares para a 24ª posição na classificação geral. Foi a unica etapa com chegada, com pelotão compacto e decisão ao sprint. Sprintar era coisa que estava fora de hipótese para mim. Pois não conseguia fazer força no guiador estando na posição levantado do selim. Ainda tentei a minha sorte nos ultimos 8 kms. Ganhei alguma vantagem, mas a cabeça do pelotão comandada pela equipa dos Viveiros / Sintra controlava a situação. Fui caçado a menos de 4 kms. para a meta. Tentei sair, porque não ia conseguir sprintar, então há que tentar a sorte doutra forma.

A 4ª etapa, considerada a etapa rainha trazia para mim muitas duvidas sobre a minha continuidade em prova. Falei com o médico da prova antes do inicio da etapa e ele tambem pouco podia fazer para ajudar ; "Não há nada a fazer, ciclismo é um desporto de sofrimento e vais ter dificuldade em suportar as dores quando o piso da estrada for irregular. Tomas agora no inicio da etapa mais um analgésico e se conseguires terminar a etapa voltamos a falar".
Bom, era um etapa de montanha, com duas contagens seguidas, uma perto do final da etapa e outra coincidente com a meta. Já não podia aspirar a fazer grande coisa, para alem de terminar. A subir as dificuldades ainda eram maiores, porque os braços ajudam a fazer força na bicicleta para "trepar", e eu não conseguia. Apenas as pernas trabalhavam. Perdi 1m 56s. para o vencedor da etapa, o camisola azul, lider do premio da montanha Jose Rodrigues, que ainda o ano passado era profissional da Liberty Seguros. Mesmo assim o 24º lugar na etapa permitiu-me alcançar o top 20. A uma etapa do fim estava na 20ª posição da tabela. Neste dia já tinha o cotovelo bem inchado, mas tal como o médico disse, pouco havia a fazer senão tentar terminar a corrida. Se não conseguisse...paciencia, faz parte do desporto as infelicidades.

Ultimo dia de corrida, um circuito de 4voltas bem durinho...
A 5ª etapa com partida e chegada à Povoa do Varzim na distancia de 90 kms. acabou por ser a mais dura e complicada da prova. Algo que não me surpreendeu, pois já existia o desgaste das 4 etapas anteriores, o facto de ser em circuito e a passagem daquela terrivel subida de apenas 1200 metros em empedrado com algumas zonas com 12% de desnivel!!! A 1ª vez que passamos na contagem de montanha (monte S. Felix, o nome) pôs-nos em sentido. Acho que toda a gente ficou a pensar o mesmo : "ainda vamos passar aqui mais tres vezes!!!???...fdx-se".
Voltei a cair nesta etapa, na ultima volta do circuito, quando tentava encostar ao grupo onde vinha inserido (perdi algum espaço na ultima passagem na contagem de montanha), numa fase plana após a subida dei tudo para encostar ao grupo, e encostei precisamente à entrada de uma curva de 180º. Entrei rápido demais e a bicicleta fugiu debaixo de mim...já estava amachucado no braço esquerdo, desta vez foi o lado direito...ao menos isso. Ainda tinha essa parte do Chassis por amolgar. Resultado: Algumas escoriações, fita do guiador rasgada, manete riscada...isso foi o que vi logo que me montei nela. Entretanto passa o grupo seguinte onde vinha o meu colega Carlos Constancio. Conseguimos encostar ao grupo que vinha à nossa frente (onde eu vinha antes de cair) já próximo da entrada na Póvoa do Varzim. Ainda houve a tentativa de juntar ao 1º grupo mas não deu por apenas 5 segundos, como se vê na classificação da etapa.
O 23º lugar na etapa permitiu-me manter a 20ª posição na classificação geral individual final.
Melhor que isso...depois das condições em que fiquei após a 3ª etapa era dificil! Muito satisfeito fiquei por acima de tudo,ter suportado as dores que tive, e consegui chegar ao fim da Volta.
Foi uma boa experiência esta participação.
A vitória na prova foi para Luis Machado (Viveiros Vitor Lourenço / Sintra C.C.) antigo profissional do Boavista, que após integrar a fuga de 4 elementos na ultima etapa logrou tirar a camisola ao espanhol Koldo Gutierrez (que muito fez para segurar a amarela).
Excelente foi a nossa classificação na geral por equipas. 6º posição entre 22 equipas participantes!! Unica equipa do Algarve presente, a dar boa conta de si!

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